sábado, 22 de dezembro de 2007

Sereia

Tão pequena e inocente
Estás sozinha e indefesa
Da beleza és realeza

Pureza em propostas indecentes
Decisões tens a tomar
Vejo medo em seus olhos luzentes
Vejo mil faces descrentes

Olhando a sereia a nadar
Nas ondas do mar do mundo
Vejo densa espuma de problemas
Mas és corajosa, não há nada que temas
Na vida mergulhas sempre ao fundo

Gloriosas conchas tens como coroa
Tens como vestes as algas do mar
No oceano da vida estás livre a nadar
Só o pássaro da morte tua vida sobrevoa

By: Mylena Perez

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Vanessa

Vanessa

Vanessa que danças em minha mente
És minha eterna ilusão
Não possuis forma ou destino iminente
És vulto negro em meu coração

Seu corpo pálido, tal como tela ainda limpa
Não exprime nenhuma reação
Em minhas mãos tenho pincel e tinta
Em teus olhos promessa de eterna solidão

Fazes parte de mim como faço parte de ti
Tentativas de dar-te passado e futuro correm em vão
Tentando encontrar-te me descobri
Confundem-se autor e personagem nessa estranha obsessão

Imaginário amor platônico por ti confesso que sempre senti
Vanessa. Ilustre ou sombrio ser inanimado?
Desisto de tentar dar forma alguma a ti
Não posso criar algo se já foi criado


By : Mylena Perez

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Poesia Sem Nome


No fundo da gaveta ela aguarda um coração
Um coração que se sinta amado pelas palavras nela escritas
No fundo da gaveta ela aguarda um coração
Poesia sem nome, em seu recanto de solidão

No escuro onde foi escondida, as lágrimas mancham seu texto
Lágrimas que correm a esmo, que correm sem pretexto
No fundo da gaveta ela aguarda um coração
Poesia sem nome, em seu recanto de solidão

Às vezes pensa nunca ter sido amada
Apesar do amor que demonstrou por todos, era como se não fosse notada
No fundo da gaveta ela aguarda um coração
Poesia sem nome, em seu recanto de solidão

Quando ela foi escrita, seu autor nela pôs seu coração
Mas o tempo passou, e agora aqueles que antes a liam cheios de emoção
Lêem-na rindo-se, em tom de gozação
No fundo da gaveta ela aguarda um coração. Poesia sem nome, em seu recanto de solidão

Quem dera agora dar-lhe um nome que servisse de consolação
Mas na falta deste se dirá: Poesia triste. Eis aqui o seu refrão
Poesia triste, no fundo da gaveta ela aguarda um coração
Poesia morta, em seu túmulo de solidão




(Mylena Perez)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Última Chance

Última Chance

Ela pensa nele todo o tempo. Talvez ele não faça o mesmo, talvez faça. Ela não o vê há meses. Seu coração está “apertado”. Ela sempre o amou. Dele não se pode dizer o mesmo com certeza. Ele tem outras. Ela tenta tê-los. Nada parece fazer sentido sem ele. A vida dela é uma incessante rotina sem fim. Seus sorrisos não são verdadeiros. Nem suas lágrimas possuem vida. Ela o ama tanto, que não se ama sem ele. Ela é apenas uma mancha no tecido da vida. Ela faz de um tudo para tê-lo novamente. Ela não vê sentido em continuar vivendo. Vive por inércia somente. Não existem para ela, prazeres sem ele. Ele diz que um dia ficarão juntos. Ela prefere que “um dia” seja hoje.
Ela o encontra. Seus olhares se cruzam. Ele desvia o dele. Ela diz que o ama. Isso estabelece um longo período de silêncio. Os olhos dela se enchem de lágrimas. Ele “desconversa”. Ela recomeça o assunto. Ele diz que a ama de outra forma. Ela deixa escorrer uma única lágrima. Ele a abraça com força, mas não a beija. Ela o afasta. Ele se irrita. Ele diz que ela deve aceitar o seu destino. Ela toma a palavra para si. A mente dela divaga. Eles se despedem. Ele se vai. Ela corre para o centro da cidade. Ela se lembra da bonita frase dita por ele: “−Você deve aceitar seu destino”. Ela repete a frase incessantemente dentro de si mesma.
Já é noite. A vista do trigésimo terceiro andar é linda. As casas e prédios parecem vaga-lumes lá de cima. Ela pensa nele. Ele está no primeiro andar. Ela não sabe. Ele está arrependido. Mentalmente ele ensaia juras de amor eterno. O elevador está quebrado. Ele sobe as escadas tranquilamente. Ela abre os braços. O vento bate em seus cabelos loiros. Ela luta contra a inércia que a domina. Ela fecha seus olhos azuis. A única luz ao seu redor é a do corredor que leva às escadas. Lá em baixo os faróis dos carros parecem chamar seu nome. Ele está agora no trigésimo andar. Ela está na ponta dos pés. Ele está no corredor. Ela repete a frase em voz alta uma última vez: “−Você deve aceitar seu destino”. Ele ouve. Ele a vê. A noite a chama. Ela pula. Ele grita apavorado. Ela o ouve e grita. Ela se arrepende. Seu destino se cumpre. Ele deita no terraço a chorar. Ele ainda tem a chance de ouvir o som do corpo dela bater no chão. Ele desce as escadas correndo. Na calçada o desespero é geral. Ela não está reconhecível. Há muito sangue. Há sangue na calçada e na rua. Uma chuva fina lava o sangue do seu corpo desfigurado. Ele deita seu corpo sobre o que restou dela. Sua pele branca é marcada pelo sangue dela.
Ele “apaga”. Quando ele acorda a luz está forte. Ele está em seu quarto. Não há sangue nem gritos. Ele olha para o relógio. Ainda são nove horas da manhã. Ele olha o calendário. Ainda é quarta-feira. Mas como?! Ele tem o prazer de perceber que foi tudo um sonho! Ele corre como nunca antes até a casa dela. Ele grita em sua janela. Ela não entende. Larga a xícara de café e vai até ele. Ele se declara. Eles choram. Ele a abraça muito forte, mas dessa vez ele a beija. Ele pede desculpas. Ela pergunta por quê. Ele diz que já não importa. Não valeria a pena contar. Nem todos têm uma última chance como eles tiveram.


Mylena Perez (08 e 09 12 2007)

O que é?

O que é?

"O que é um amor sem lágrimas?
Um amor sem restrições?
Sem jogos e sem enganos?
Sem lascívia?
Sem egoísmo?
Sem mágoas?
Querendo, mas sem querer?
Sem ciúme?
Sem dor?
Sem todo esse "ser ou não ser" ?
Sem suor?
Sem suspiros?
Sem reclamações?
Sem exigências ou frustrações?
Sem compromisso?
Frágil e quebradiço?
Sempre à nossa disposição?
Um amor inacabável?
Incontável?
Incomensurável?
Um amor inocente?
Às vezes inconseqüente?
O que é ?
Seria como o da gente?
Um amor perfeito seria como o nosso?
Então um amor perfeito é a exata descrição de uma amizade verdadeira!"
Mylena Perez

Dois em Um

Dois em Um

Meus olhos choram as suas lágrimas
Minha boca suspira a sua frustração
Meu coração bate no seu compasso
E assim somos um, sendo dois

Meu futuro, seu futuro também
Seu olhar ofusca a minha dor
No meu corpo, suas marcas
Minha tristeza estampa a sua partida

Sem você a escuridão me domina
Sem seus olhos os meus perdem a cor
Seu coração, minha força de vida
Impulsiona-me a esquecer a dor

Em meu coração, um fio de esperança
Única luz de meu tortuoso viver
Por você continuo esperando
Por você, por nós dois


Mylena Perez (07 12 2007)

Você

Você

Minhas lágrimas têm um pouco de você
Nos meus olhos carrego sua essência
Seu olhar penetra a minha alma
Minha dor transporta-me a você

Sem você não acredito no futuro
Por você sacrificaria tudo
Sua luz ilumina meu caminho
Sua voz acalma meu espírito

Você prometeu nunca me abandonar
E agora meus dias se passam escuros
Acho que você nunca prometeu não me fazer chorar

Tudo o que eu preciso é você
Tudo o que eu mais quero é você
Não me importo com a dor, sei que nunca vou te esquecer



Mylena Perez ( 07 12 2007)

Triste Fim

Triste Fim

Ele sai da casa dela ainda com muita raiva. Bate a porta e finge não ouvir os gritos dela ao longe. A noite está fria e escura. O céu, azul, não mostra possibilidade nenhuma de chuva. Ele sobe na sua moto e segue até a estrada. São duas da manhã. A estrada e ele se tornam um, não há mais ninguém em volta. Ele acelera. Por fora, sua expressão de ódio é a mesma. Por dentro, seu coração bate como nunca antes. A velocidade o emociona. Uma lágrima quente escorre de seu rosto, mas é esfriada pelo vento que gela sua pele e balança seus cabelos.
Ele se sente sozinho, abandonado. Não pensa nela. Acelera de novo. O vento parece cortar-lhe a face. O céu está diferente. Ele mal percebe a chuva dada a força do vento. Em meio à velocidade ele sente uma gota. E outra, e outra. A chuva “aperta”. Sem nem saber o porquê, ele acelera mais. É como se não pudesse mais se controlar. A chuva está muito forte. Há água em seus olhos azuis. Ele só pensa nela, na velocidade. Acelera outra vez. A estrada está muito molhada. Há água por toda a parte. Ele mal consegue manter os olhos abertos.
A moto derrapa. Ele “apaga”. Ele e a moto são jogados a muitos metros. Ele acorda. Não sabe quanto tempo passou. A água em volta dele está vermelha. Ainda há muita chuva. Ele está deitado sobre uma poça de sangue. Não pode se mexer. A dor é intensa. Ele está preso à moto. Não pode sentir seus braços ou pernas. A água cai com força em seus olhos. Ele os fecha com dor. Há sangue neles também. Ele ouve algo. Reconhece os gritos. É ela. Ela está sozinha. Os dois estão em pânico. Ele não consegue mostrar que está vivo. O sangue mancha o vestido dela. Ela o beija. O sangue mancha seu rosto. Ela levanta. Ele pensa nela. As rodas da moto fazem seu último som. Pela última vez ele pensa nela. Ele se sente leve. Ela grita. Ele não a ouve mais. Ele grita. Ela não o ouve mais. Ele se vai. Ela desmaia. Ambos desejam que aquela briga nunca tivesse acontecido.


Mylena Perez

Poeta Maldito

Poeta Maldito

Destilas ódio
Fecundas corações
Boca, papel e tinta
Com teu pólen de ilusões

Aceso o luar de teus olhos
Apagas estrelas com palavras
Cultivas teus versos com lágrimas
Flores da melancolia que lavras


Estás aprisionado em ti mesmo
Liberdade não é uma opção
Por isso frases correm a esmo
Vem direto do teu coração


Letras lacrimosas
Tu escreves a chorar
Doce essência de murchas rosas
Só tu poeta maldito, não as teme usar


Mylena Perez (10 12 2007)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Relato Impossível

O suor pinga de meu corpo
Pinga assim também minha vida
Que me pequenas gotas de suor
Aos poucos se esvai

Gotas de suor
Que estão imersas em tristeza
Gotas de sentimento
Lágrimas de suor

A noite vela a minha passagem
A chuva cai, purificando-me
E num vívido ímpeto
Minha doce alma, de minha pálida carne se desprende

Um som estranho
O pranto longínquo de meus conhecidos
Entorpecimento versus dor
O relógio da vida pára, a jornada termina



(Mylena Perez)



quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Labirinto de Pensamentos Sociais

Labirinto de Pensamentos Sociais


O mundo gira e eu me balanço no balanço da vida. Ela tem seus altos e baixos. Tudo o que sobe desce, mas nem tudo o que desce sobe. E a noite eu me sinto caindo no fundo de um oceano de lágrimas de sangue. E o amor agora, para mim é só uma onda de alegria que apagará a minha dor antes do findar da passagem pelo portal da morte.
A vida pra mim não possui, mas razão de ser. A solidão absorve lentamente toda a luz que eu tinha e emanava. A angústia que eu sinto remete-me ao eterno terror de um pesadelo. Um pesadelo real e vivenciado todos os dias. O vento da realidade traz todo o dia a imagem do coma social em que está imersa a humanidade. O mundo dá voltas, mas algumas coisas permanecem iguais. A sociedade vê e ouve, mas não pode falar.
E assim, como alucinados por esse eterno coma, alguns indivíduos matam para escapar. E alavancados por essa ilusão esquizofrênica acham que possuem o poder sobre outras vidas e que podem tirá-las de acordo com seus desejos pessoais. E desse modo matam, roubam e cometem outros crimes, assim o pesadelo cresce. E cada vez mais fundo a sociedade se afunda nesse esdrúxulo coma.
A sociedade assim, continua emudecida eternamente. Alguns involuntariamente, talvez até inconscientemente, mas outros parecem querer ignorar o fato de que a sociedade atual está desorientada e num beco sem saída!
E por enquanto, se ninguém tomar uma iniciativa , o mundo ficará assim. Em profundo coma social, mudo , ouvindo e vendo mas sem expressar opiniões ou reações. E eu vejo o sangue, a morte e a escuridão. Um caminho, o único caminho. A um a luz no seu fim , uma saída. Quem sabe hoje ou nos próximos dez anos , a humanidade possa, como um paciente em estado vegetativo, acordar?! Existe uma única, última esperança. O caminho é estreito , mas em seu fim: A eterna paz e liberdade. O mundo gira e eu me balanço no balanço da vida. Ela tem seus altos e baixos, mas para mim se tudo que sobe desce , tudo o que desce sobe. E se o mundo dá voltas , voltará ao seu estado normal.


By: Mylena Britto Perez ( 16/10/2007 23:10)

FIM

Fim

Amor, Sorrisos, Família.
Elementos de um final feliz?
Não sei.

Vento, Lágrimas, Penhasco.
Elementos de um final feliz?
Para alguns.

Para mim?
Quem sabe?
Solidão, Lágrimas, Noite.

Faca, Sangue, Morte.
Elementos de um final.
Feliz? Me diga você!



By: Mylena Britto Perez (13/10/2007 20:13 )

O Cacho de Flrores Amarelas

O Cacho de Flores Amarelas


Existem momentos em que a nossa alma parece indecisa, não é mesmo? Momentos em que nosso coração não consegue se decidir entre a alegria e a tristeza. Pois é, foi em um desses momentos que eu o vi. Tão doce e singelo. Lindo e recatado. Charmoso e sozinho, beleza solitária. Quem era ele? Ele não era ele, era isso! Um lindo cacho de flores amarelas. Mas por que essa minha paixão repentina (afinal eram apenas flores, nada anormal)? Não sei, talvez por sua beleza triste.
No horizonte apenas árvores, árvores verdes- escuras altas e de frondosas copas. Todas juntas num pequeno espaço (bem como os homens em nossa sociedade). Se faziam companhia, se ignoravam , se entreolhavam, saudavam-se. E como membros de uma estranha sociedade arbórea, eram iguais. Iguais na cor, no tamanho e na dor. Paravam igual , balançavam igual e o vento em suas folhas batia igual.
Mas sozinha, a esbanjar nobreza eu a vi. Tão alta e bela, tanto quanto as outras . Foi a esse ponto que algo me chamou a atenção. Algo... alguma coisa contrastava com o horizonte de intenso azul e com o verde das árvores . Então eu o vi, ou melhor, contemplei-o . Um lindo cacho de flores amarelas. Ao olhá-lo senti algo diferente . Mas por que? Não sei ao certo. Sua beleza não era exuberante, afinal não era um cacho muito grande. Mas algo naquelas flores amarelas traspassava as fronteiras do normal. Era algo que não sei explicar, um brilho divino, quase que sobrenatural!
Ah! Enfim entendi, a beleza não vinha do cacho em si, mas sim do fato que –como eu− era o diferente num contexto de iguais. Numa sociedade onde todos ouvem as mesmas coisas, comem as mesmas coisas , dizem e pensam as mesmas coisas, eu sou diferente. Eu ouço, como , digo e penso o que quero e o que eu aprovo de acordo com os meus conceitos pré-estabelecidos. Eu não me deixo levar pela opinião alheia , nem pelo que pensam a meu respeito. Eu sou diferente , assim também aquele cacho de flores amarelas , sozinho e diferente no meio de muitos iguais. Se de longe em meio a um horizonte de belezas naturais, eu notei a sua beleza , porque não pode o mundo notar a minha ? Apenas um cacho de flores amarelas, pequena mas enorme, simples mas complexo, banal e efêmero mas de presença e beleza eternas !

By: Mylena Britto Perez (21/09/2007)

sábado, 13 de outubro de 2007

Crônica sobre a sociedade? Não era bem a minha intenção!

Crônica sobre a sociedade? Não era bem a minha intenção!

Às vezes tudo o que precisamos é e um lugar tranqüilo, e não no bom sentido. Um lugar sozinho, um lugar isolado dentro de nós mesmos. Para onde podemos ir não importa onde estivermos um lugar perto que seja longe. Um lugar escuro que nos traga iluminação de pensamento. Um lugar sombrio, talvez vazio. Um lugar em nós para extravasar. Um lugar perfeito que nenhum ser humano há de achar!E naqueles momentos em que tudo parece distante, em que você parece estar de longe observando enquanto a sua vida passa sem que você sobre ela assuma controle, é nesses momentos que precisamos de um lugar assim. Um lugar seguro, ou melhor, um porto seguro. Um lugar inexistente (talvez apenas vivo em nossa fértil imaginação) onde podemos colocar os pensamentos em ordem e quem sabe prosseguir nosso caminho !
Quando nossa vida parece sem sentido, ou apenas quando temos aquela estranhíssima sensação de estarmos vivendo a vida de outra pessoa, e aí que precisamos parar para refletir para onde nossos atos estão nos levando. Talvez se prestássemos mais atenção ao que estamos fazendo e não nos preocupássemos tanto ao que vem depois poderíamos sentir a vida passando por nós. Como assim? Antigamente as pessoas reclamavam por estarem vivendo de memórias, vivendo do passado. Já hoje em dia, as pessoas vivem do futuro e se esquecem do presente. Num mundo no qual somos expostos a um altíssimo nível de novas informações a cada dia, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com o que alcançarão no futuro do que com o que elas estão vivendo no presente. E assim os dias passam com a humanidade pensando no que pode fazer no futuro, a cada dia sua mente é bombardeada com novidades, então o que era futuro passa a ser passado. E o ciclo vicioso continua, em busca de alcançar um futuro inalcançável e para isso passando por cima de um presente ignorado e de um passado cada vez mais esquecido.
Os anos passam com as pessoas cada vez mais tangendo metas intangíveis, fazendo promessas incumpríveis, sonhando sonhos inconcretizáveis, e se esquecendo de viver suas vidas. Esquecendo de prestar atenção em cada momento. Por que cada momento é especial e único. Se não o prestarmos atenção ele passa, independente de termos ou não o vivido! Perda nossa! Por isso só queria alertar às pessoas que estão por aí “vivendo” enganadas. Posso até cometer erros, mas fico feliz de tê-los cometido e aprendido com eles. Ao menos sei que errei por que vivi plenamente .É, pois é ,o que começou como uma simples crônica sem razão de ser terminou como um importante alerta a sociedade atual . Que deve a começar por mim acordar desse coma social que tanto nos atormenta e começar a viver de verdade!!!

By: Mylena Britto Perez ( 13/10/2007 – 16:20 )

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Brisa

Brisa

Daqui de cima eu sinto a brisa
Brisa gelada que bate contra o meu corpo
Essa gelada funde-se com a brisa quente
Que aflora da minha alma

Queria mesmo é sentir o que sobra desse encontro das duas
Mas não é possível
Pois não sobra nada
O encontro dessas forças dá zero

Então, no momento isso é tudo o que eu quero
Não sentir nada
E daqui de cima, não me importo onde vou cair
Terra? Água? Ar?
Onde o destino quiser. Caio em qualquer lugar
Desde que longe daqui
Desde que me liberte dessa inércia

Não me importo se vou morrer no impacto
Ou se vou morrer antes dele
Contanto que eu morra e...
Em algum momento possa sentir esse nada
Quem embora monótono
Muito me agrada

Não quero morrer a noite
Quando ninguém me vê
E sim de dia
Com o esplendor da vida que eu nunca tive

O brilho do sol e frio da brisa
Eles chamam meu nome
Sim...
Atendo e pulo no infinito
Para a eternidade de uma insensível dor entorpecida



By : Mylena Britto Perez

A espera

A espera


E ela esperou pacientemente, durante toda a noite. Acreditou que ele viria, que dela se lembraria. E a noite foi ficando escura e gelada. E as árvores do vilarejo choraram sua alma velada. Os minutos aos poucos se passavam. Às vezes tão devagar, que o relógio parava. E o tempo passava mas ele não chegava. Enquanto o tempo passava, ela ficava cada vez mais preocupada. Precisava de notícias. Mas já era madrugada. E da sua casa, a luz era a única acesa. Naquele momento ninguém poderia dar-lhe a informação que precisava.E conforme a noite corria , corriam também lágrimas de seus olhos. E molhavam seu peito. E molhavam seu leito. Assim a noite passou, e em prantos, para ela o dia chegou. Acordou e olhou em volta .Ele não havia chegado. Nesse momento ela começa a duvidar que um dia ele vá chegar.Que tudo o que ela sempre quis irá se concretizar. Mas continua esperando pacientemente a chorar .
Mais um dia se passa e ela sozinha, sem amor,sem carinho, vivendo de solidão. Então à noite, enquanto os poucos se esvaía sua esperança, alguém bateu a porta. Um fio de saudade a chamou . E ela sentiu que pudesse ser ele . Apressou-se, arrumou-se e foi à porta. Ao abrir a porta deparou-se com uma estranha figura, que apenas lhe entregou uma carta e partiu. Ao ler a carta, lágrimas escorriam pelo seu rosto. Lágrimas de sangue , lágrimas de certeza. Ele estava morto. Dias se passaram como anos, e sozinha em seu quarto ela continuava parada , chorando na mesma posição. E assim permaneceu até o final da sua vida . Ignorando o que sabia e ainda esperando. Esperando por alguém que não voltaria. Esperando por alguém que nunca viria!





By: Mylena Britto Perez ( 06/08/2007 – 17:36)

Doce Pingar

Doce Pingar



Ouço algo. Um barulho. Surdo. Seco. Como um pingar. Adormeço. Desperto novamente. Por quê? Perturbado pelo barulho. Esse incessante pingar. Não um pingar limpo. Como o da água. Um pingar consistente. Quase coeso. Como algo mais viscoso. Talvez... Não... Mas sim, exatamente!Assusto-me com a descoberta. È um pingar de sangue. Talvez de um animal. Que é pendurado após o abate. Talvez de um ser humano. Culpado ou inocente? Vítima, sempre vítima. O pingar começa a cessar. Os pingos se dão mais separados . Posso quase... Não! Imagino seu gosto . Um gosto de sangue. Azedo. Amargo talvez. Como se escorresse de mim. Me sinto entorpecido. Quase como se desmaiado. Sem forças . Ao me mexer na cama, o pingar aumenta . Será que ? Será? Sim ! O sangue é meu. Escorre de meus pulsos. Agora me lembro . Meu plano é consumado. Me liberto da dor. Sinto um calafrio. Um último pingo sela aminha vida !


BY : Mylena Britto Perez

Nas nuvens

Nas Nuvens

Por que alguém escreveria uma crônica sobre as nuvens?! Não sei. Por que eu escrevi? Também não sei, mas alguma coisa nelas sempre me atraiu. Quando criança era − posso dizer com certeza− o fato de se parecerem com gigantescos algodões doces de coco. Não ria! SE fosse criança também te pareceria incrível a idéia de que pudessem existir pedaços gigantes de algodão doce de coco flutuando no céu. Bom , ma eu era apenas uma criança!
Quando adolescente − creio eu– que o que mais me intrigava nas nuvens era a sua natureza. Convenhamos não te parece maravilhoso o fato das nuvens serem enormes massas de vapor d’água pronto para se condensar? A mim parecia surreal! Ao olhar para elas era como se elas fossem precipitar a qualquer momento! Mas essa sede por seu conhecimento se foi junto com aquela mente sonhadora da adolescência.
Quando adulto o que mais me interessava sobre as nuvens é que ao olhá-las, elas se transformavam no que eu quisesse, até mesmo num gigante pedaço de algodão doce de coco flutuante (digo isso porque sabemos que todo adulto quer ser criança novamente). Mas para mim, as nuvens eram lembranças, poderiam ser o peixe que eu tinha ganhado quando criança ou um amigo de infância. Podiam ter cores e cheiros. E assim, minhas aliadas, as nuvens aliviavam o stress do meu dia-a-dia. Mas isso tudo também passou.
Agora o que mais me fascina nas nuvens é como quando eu olhava de baixo eram quase transparentes, mas hoje olhando por cima são tão densas (quase concretas) que escondem toda a dor e sofrimento do mundo lá em baixo. Por que alguém escreveria uma crônica sobre as nuvens? Eu não sei. Por que eu escrevi? Também não sei, mas algo nelas sempre me atraiu.





By: Mylena Britto Perez

Nós Dois

Nós dois

É você! É você que me acorda às duas da manhã. É a sua imagem que perturba o meu sono. Ah! E que doce perturbação. É com o seu beijo que sonho, com esse beijo nunca dado. È você a quem a minha mente me transporta quando eu me distraio. E a noite quando me deito, é o seu corpo que o meu quer abraçar. É só você e sempre será, assim como sou sempre eu e sempre seremos um. Não importa a distância, não importam as diferenças, seremos sempre e apenas nós dois!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Lágrimas do Céu

Lágrimas do céu


Meia-noite
Silêncio
Todos dormem
Na rua escura
A chuva cai

Ah! A chuva
Fria, Gela meu corpo quente.
O vento traz renovo.
Traz vida
Traz morte

Leva a tristeza
Leva as decepções
Mas...
Traz lágrimas?
Ah! De alívio

Lembranças?
Tudo um dia cai no esquecimento
Dor?Não
Nada
Tudo

Os ponteiros mudam
Não os do relógio!
Os ponteiros da vida
Anunciando novas vidas
Anunciando morte

Meia-noite
Meio-dia
Silêncio
Na rua escura
A chuva cai








By: Mylena Britto Perez
(04 09 07 – as 1:30 am)

O Estranho Homem Insignificante

O estranho homem insignificante

É incrível como coisas que nos passam despercebidas todos os dias, podem ser vitais para alguns. Um homem estava caminhando na orla da praia, despreocupado. Tranqüilo. Porque não deveria estar? Ao caminhar lentamente absorvia a serenidade da brisa que batia contra os coqueiros. Na sua mente nada, nenhum problema, nenhuma preocupação. Nesses momentos nem os afazeres da família (da qual aposto que nem lembrava da existência), ou seus respectivos problemas o atormentavam. Sentia-se leve, quase como se ao invés de caminhar pudesse a qualquer momento sair flutuando. Eram ainda às seis da manhã e não havia ninguém na praia ou mesmo fora de casa.
Ao passar por uma determinada parte da orla, um homem surge. Uma figura muito estranha. Quase perturbadora, por assim dizer. Um homem alto (apesar do andar acorcundado), branco, bem pálido mesmo, com olheiras profundas, com um olhar... Deixe-me ver... O olhar não sei bem como descrever, era um olhar como de um louco quase como se as órbitas tentassem escapar dos olhos. Mas ironicamente bem vestido, vestia um terno preto com uma blusa negra e também usava uma gravata. Sapatos sociais bem engraxados e um relógio caro. Mas a sua aparência... Ah! Como estava ruim, acabada, dava medo. Ao olhar em seus olhos ele sentiu um calafrio. Apressou o passo, tentando ultrapassar a estranha figura que tentava “fazer contato”.
Ao o olhar para trás viu que a estranha figura tentava balbuciar-lhe palavras. O que estaria dizendo? Não era importante, deveria terminar sua caminhada matinal. Afinal, estava tão atolado de responsabilidades. Trabalho, família, três filhos para sustentar, uma esposa para agradar, uma vida social para manter. Não poderia perder seu tempo “jogando papo fora” com o estranho homem. Mas, no entanto parou um minuto para observá-lo melhor. Parecia agora ter uma expressão mais feliz. Talvez porque achasse que nosso atarefado homem tivesse parado para dirigir-lhe a palavra. Mas de repente virou as costas e deixou o estranho tentando falar sozinho. Seguiu o seu caminho, pois pouco lhe importava o que o homem queria. Com tantas preocupações, não tinha tempo para dizer olá nem ao menos para perguntar se o homem precisava de alguma coisa. Ele se viraria sozinho não é? Era apenas mais um andarilho louco. Deveria seguir seu caminho, já era um adulto.
Ao sair, ainda deu uma última olhada nos olhos do homem, pareciam gritar por ajuda, mas não sei não, ele poderia fazer-lhe algum mal. Assalta-lo quem sabe? Ou até pior, mata-lo. Bem, isso não é importante de se comentar. Nosso atarefado homem seguiu seu caminho, caminhando a passos fortes e largos. Agora já com muitas coisas na cabeça. E muito perturbado e irritado com aquela estranha figura. Não sabia por que, mas aquele estranho olhar havia mudado o seu humor. Agora dava a volta e tomava o caminho para o trabalho. Lá ficou até as sete da noite. Então foi para casa.
Ao chegar a casa, abraça os filhos, beija a esposa. Faz algumas ligações de negócios e senta-se à mesa para jantar. Conta como foi o seu dia, é claro que não conta do estranho homem, afinal foi apenas algo insignificante. Conta sobre a caminhada, sobre as paisagens que viu e até mesmo sobre uma criança que viu passar correndo no caminho de volta. Após o jantar, põe as crianças para dormir, beija a esposa − que também vai para a cama cedo− e senta em frente à TV na sala sozinho. Liga no noticiário local e. Oh! Uma tragédia, nas palavras da repórter: “Morreu hoje Ricardo da Silva Magalhães, empresário falido que após escrever uma carta de suicídio, deu um tiro na cabeça na orla de um a famosa praia carioca às seis e meia desta manhã”. Subitamente, um aperto se deu no coração de nosso querido homem. Um frio percorreu em um segundo todas as veias de seu corpo, gelando seu sangue. A repórter continuou: “ a carta deixada por Ricardo , vem endereçada não à sua família mas a “um querido estranho” , seja lá o que isso signifique , queremos aqui prestar nossos sinceros pêsames a família de Ricardo , que reside na Bahia e não recebia notícias do mesmo desde 1999 , quando se mudou , abandonando a todos para tentar a vida na capital carioca. Pelo que sabemos Ricardo era um homem amargurado , que ao perder tudo , chegou ao ponto de não ter o que comer ou onde dormir , era um homem muito inteligente , mas que infelizmente tomado pela depressão somente percorria as ruas da cidade muito bem vestido à procura de uma forma de começar sua nova vida .Se ao menos alguém lhe tivesse dão uma oportunidade ... E assim termina o noticiário das nove no seu canal 36...” Nosso homem nem chegou a ouvir o final do que dizia a repórter . Ainda meio em choque, vai até a cama e deitasse ao lado de sua terna esposa. Antes de dormir olha pela janela. A chuva triste cai, e assim derrama uma única lágrima, uma lágrima egoísta, uma lágrima sincera. Se ao menos ele tivesse oferecido ajuda. Não sei, um bom dia bastava. Se ele. Se... Limpa o rosto e vai dormir, agora era tarde demais! Isso acontecesse todos os dias, em todos os lugares. É normal. Tentava enganar a sua consciência, não foi culpa sua, pega no sono. Agora era tarde demais!




By : Mylena Britto Perez (04 09 07 –as 22:18)

domingo, 7 de outubro de 2007

É ... É o Que Dizem

É... É o Que Dizem

Então nós não podemos viver do passado? É o que dizem. Quem disse? Eu simplesmente não entendo, ou melhor, eu entendo, mas simplesmente não consigo “não viver do passado”. Todos têm um passado. Certo? Eu tenho um e você também. Todos têm um, não importa se tranqüilo ou sofrido. É fato que todo ser humano tem um passado, mesmo que desse não se lembre (o que definitivamente não é o meu caso).
Conforme a madrugada chega, eu olho pela janela. E na rua escura, nada além da chuva − que alterna pingos finos e grossos − que cai. No mesmo ritmo em que cai a chuva do céu, caem frias lágrimas dos meus olhos. Frias lágrimas sem razão que agora molham o meu rosto quente. O porquê dessas lágrimas? Não sei ao certo... Mas... Ah! As lembranças! Como queria reviver-las. Eu, assistindo o fosco nascer do sol da janela da casa da minha avó. Ouvindo os cachorros latindo. Ah! As risadas que até hoje ecoam no meu pensamento. Ah! As histórias, as brincadeiras, os abraços. Ah! Os abraços, os beijos, a quase palpável alegria da família. Como eu queria tudo isso de volta. Mas não se pode viver do passado, não é?!
Amigos? Eu tinha tantos; todos muito próximos. Ah! E como nós nos divertíamos. Fecho os meus olhos e é como se ainda fosse criança. Sinto todo o amor e todo o carinho, toda a proteção. Sinto-me cuidada, sinto-me segura. “Vou acordar e tudo vai ser como antes: Minha família reunida, todos juntos, cuidando de mim”, penso eu. Abro os olhos. Não! Tudo de novo. Eu ainda estou na janela. Onde está a brisa? Onde está o carinho? E o cheiro de meus avós? Onde está a proteção? E os amigos? Ah! E se diziam fiéis. Muito fiéis esses amigos! Onde está a família? E as risadas alegres no Natal? Onde? Onde estão todos? Na Lembrança. Lá estavam e lá ficaram.
A chuva, agora mais fina, começa a diminuir. Enxugo o rosto, e é como se enxugasse as lembranças da minha mente. Como se me desvencilhasse dos meus sonhos não realizados. A chuva pára. − “Ninguém pode viver do passado” me dizem.
Então nós não podemos viver do passado? É o que dizem. Quem disse? Eu simplesmente não entendo, ou melhor. Eu até entendo, mas não consigo “não viver do passado”.
É... é o que dizem!









By: Mylena Britto Perez (04 09 07- as 1:00 am)