domingo, 23 de março de 2008

Toca em mim

Toca em mim Senhor, toca de novo
Como o Cego em Betsaida, renova a minha visão
Toca em mim Senhor, toca de novo
Vem Espírito santo
E sonda meu coração

Porque tudo o que sou, eu devo a Ti Senhor
Porque tudo o que eu tenho a Ti pertence
Eu Lhe devo a minha vida
Pois das Trevas me salvou
E livrou-me do jugo do pecado

Toca em mim Senhor, toca de novo
Como o Cego em Betsaida, renova a minha visão
Toca em mim Senhor, toca de novo
Vem Espírito santo
E sonda meu coração

Eu quero ser usado com tudo o que sou
E através da minha vida exaltar o Teu nome
Pois Teu precioso sangue as minhas vestes lavou
Quero Te adorar de todo o meu coração

Toca em mim Senhor, toca de novo...

Mylena Perez

Sentimentos Escondidos

Tanto fiz questão de escondê-los
Que quase os esqueci
Entrego-lhe os malditos agora
Insólitos sentimentos apodrecidos

Como ácido me corroeram
E pouco a pouco me devoraram
Agonia de lágrimas secas, gritos mudos
Madrugadas de Frases inacabadas

Beijos nunca dados perseguiam-me em sonhos
Amores insepultos de uma mente putrefata
Decompondo-me ainda em vida, assim eu me encontrava
Sentimentos sanguessugas da minha vida se alimentavam

Por toda minha existência, em meu mórbido peito cerrados
Encontravam-se os tais sentimentos, e eu julgava-os bem guardados
Apossaram-se de mim e torturaram-me até libertá-los
Ai do mundo por onde agora passeiam esses malditos inacabados

Sentimentos que aprisionados em meu peito morreram
Ressurgem sem alma em busca de um novo hospedeiro
Ilusões que nos doentios caminhos da minha mente se perderam
Escolhem a vitima de seu próximo tiro certeiro

Sem esses bastardos sentimentos secretos
Minha dobre mente reluta em divagar
Devo esquecer meu passado de lacrimosas memórias?
Futuro. Que dores terríveis reserva ele ao meu cadáver que a morte não vem buscar?!

Mylena Perez

Despite my Love

Tears, a thousand bloody tears
I’ve already cried so much
I’ve lost so many years
Baby, I’m feeling so alone
Haunted by all my fears
In this darkness of my own

(Chorus)
And these insane feelings are trying to push me down
Despite all my love for you, I’m holding on
If I make you happy by letting you go, I’m “gonna” move on
Despite all my love, despite all my love for you

Time, I’ve wasted so many time
Thinking ‘bout the love we had
Or just thinking on you
And all my world keeps falling down
The future I thought we could have
It’s now so far away

And these insane feelings are trying to push me down
Despite all my love for you, I’m holding on
If I make you happy by letting you go, I’m “gonna” move on
Despite all my love, despite all my love for you

Dreams, I had so many dreams
Every night I dream about you
‘Bout the things we could have done
Baby, your eyes are my shining stars
Without you I’m in the dark
And hope is just a dream

And these insane feelings are trying to push me down
Despite all my love for you, I’m holding on
If I make you happy by letting you go, I’m “gonna” move on
Despite all my love, despite all my love for you

And I will move on, but I won’t pretend I don’t care…

Mylena Perez

A Última Fábula

Trinta páginas ele havia escrito. Mas sobre quem? Sobre ela, sobre ele, sobre mães, filhos, mortes, amores... Sobre o que eram não importa agora, elas acabaram amassadas e rasgadas mesmo! A caneta parece escorregar da mão dele toda a vez que a segura. Com tanta coisa acontecendo a inspiração parece vir apenas pela metade. Nada parece estar completo, nada parece querer se completar. Numa sociedade aonde tudo já vem pronto ele não consegue mais criar, nada é original, tudo é copiado. E ele está ficando louco. O suor escorre da sua testa e pinga na folha branca cheia de rabiscos. Rabiscos, isso é tudo o que ele consegue fazer. Nenhuma história, nenhuma piada, nenhuma poesia, por menor que seja. Sua mente está cheia de idéias que parecem relutar em serem executadas. Tudo parece tão lindo quando em sua mente, mas quando ele pega a caneta, nada se concretiza. Assustadas pela crueldade do mundo, as palavras correm em busca de um esconderijo. Canções, fábulas, princesas e cavalos alados fogem horrorizados pela indiferença da sociedade. Na mídia, o único modo de fugir da realidade é criar outra pior ainda. Tiros, mortes, sangue, muito sangue e após os créditos o suspiro aliviado de pensar que não foi com você. Ele chora por não poder, como antigamente, fugir da realidade para reinos e bosques encantados cheios de prosopopéias. Ele chora pelo endurecimento dos corações do mundo e por ninguém ter percebido antes. Era tudo tão fácil, tão simples como as poucas palavras numa canção singela, como suspiros de donzelas, príncipes encantados e rosas. Hoje ele não consegue escrever, mas e se conseguisse quem leria? Você leria? E se ele conseguisse escrever como nas antigas histórias de amor, recriar cinderelas, fazer de assassinos feiticeiros, de cidades palácios, transformar prostitutas em donzelas? E se ele pudesse? E se ele? E se?
Assim ele pensou, e num último e desesperado esforço se trancou num quarto de hotel com lençóis brancos e pôs-se a escrever. Desligou as luzes, acendeu velas e criou uma história −a seus olhos− como nenhuma feita antes. Uma história divertida e que tinha uma moral, uma história que nela era fábula, canção e poesia. Apaixonou-se pela donzela, odiou o vilão, montou nos cavalos, e afiou as espadas. Tudo estava pronto, exceto os leitores. Ele foi à rua, tentou vender sua história já impressa. Nada aconteceu. Todos estavam muito mais preocupados com seus trabalhos e seu dinheiro. Se parassem poderiam ser assaltados, não é mesmo? Imagine se alguém gastaria um pouco de seu precioso dinheiro numa história tão antiquada!
Crianças! Pensou ele, crianças gostam de fábulas! E foi a uma escola, lá haveria muitas crianças, crianças não seriam atarefadas. Crianças são afinal, o futuro da nação, elas ainda estão aprendendo sobre a vida, são o público perfeito para a minha fábula, pensou ele!
Ao chegar naquela escola não tentou vender sua fábula, pois sabia que crianças não teriam dinheiro para comprar. Ele resolveu dar sua fábula, fazer um sorteio parecia divertido. Distribuiu papeizinhos e escolheu um nome. Muito contente, um menino de aparentes seis anos foi à frente da classe. “Aqui está o seu prêmio” disse o homem. O menino olhou para o bloco de folhas coloridas muito surpreso, leu o início, folheou procurando por figuras e muito decepcionado com seu “prêmio” disse ao escritor: “Que horror! É só isso? Pensei que fosse ganhar um videogame, isso aqui não me interessa não!” e amassou o bloco de folhas grampeado com tanto carinho pelo homem. O escritor juntou as folhas amassadas de sua história e se foi.
Videogame!? Então quer dizer que nem às crianças vai servir a minha história? Pensou ele. Ele voltou ao seu quarto e à sua amargura. O que mais ele poderia fazer? Será que não haveria solução para o egocentrismo de uma sociedade que desde pequena é ensinada a tomar paliativos instantâneos ao invés de encarar o problema? Ele não conseguia entender, simplesmente não conseguia mais agüentar a pressão de desperdiçar seu talento com um mundo que lhe era indiferente! Alguns dias se passaram e sem encontrar outra solução o escritor organizou, desamassou, grampeou novamente sua história e voltou com ela ao limpo, branco e impessoal quarto de hotel onde a escreveu. Um felpudo carpete branco estendia-se por toda a extensão do quarto. Era tudo tão limpo e impecável. Num movimento inesperado até mesmo por ele, o escritor abraçou sua história com todo o carinho de alguém que havia pensado ter escrito a salvação da humanidade e deu um tiro na cabeça! Seu corpo caiu no carpete branco e seu sangue manchou as folhas de sua história tão preciosa. O sangue pingou e pingou durante muito tempo, escorreu pelo carpete durante três dias até que o corpo do homem fosse encontrado. O que aconteceu quando o encontraram? A polícia levou o corpo, fechou o caso, pois o suicídio era óbvio e foi embora do local. Os empregados removeram o carpete branco e colocaram outro no lugar, limparam todo o quarto, trocaram os lençóis, jogaram a sua história no lixo do banheiro, levaram o saco de lixo embora e entregaram as chaves para os próximos hóspedes.Nada mudou.
Mas não se preocupe muito amigo, essa história não tem nada a ver com você ou comigo. Afinal ela foi baseada numa sociedade muito diferente da nossa, que tem guerras sem motivo ou com motivos muito diferentes dos nossos, que tem pessoas com problemas muito diferentes dos nossos e que tem um governo com tecnologia, ambições, idéias, religião, censura e cultura muito diferentes das nossas! Então talvez não haja motivo para preocupação. Talvez não haja. Talvez não. Mas apenas talvez.

Mylena Perez