terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Fardo

É uma quente noite de verão
E quando a lágrima escorre,vem sem aparente motivo,
O que é real, aos poucos, morre
Fenece como um sorriso

A lua Brilha, lá em cima, ornamentando o firmamento
Se essa lágrima ferve, queimando meu rosto cativo
Minh'alma, para junto da lua
E deixando meu corpo, voa, como que por feitiço

Anos se passam, ainda que em um só minuto
Futuro, passado e presente juntos nesse momento insólito
Revivem um medo que eu pensava já ter sido esquecido
Ou uma frase que eu acreditava não ter mais sentido

Fosse eu o mais burro dos homens
Ou o mais covarde dos meninos
Poderia a mais bela dama da corte ter sido
Ou o mais sagaz rei ter iludido

Sei que ainda assim, nessas noites quentes de verão
Essa brisa leve clamaria à minha alma por um abrir de olhos
E então, sendo inútil o confronto, tendo ela me já vencido
Uma ou outra poesia naquela noite teria surgido


Mylena Perez

Jornada

Venha comigo
Ontem, hoje, sempre
Para cima, para o infinito
"Além, acima do além"
Como os acrobatas de Vinícius
Cada vez mais longe, mais alto
Onde somem finais e inícios

Mylena Perez

Ventos Contrários

Sinto os ventos do norte
A bagunçar meus cabelos
E fecho os olhos

Pois há sempre um porém
Não importa o quão forte o vento vem
Ainda que ínfimo, sempre um mas
Corroendo aos poucos minha paz
Fazendo eterna a minha indecisão
E lenta a perda da razão
Criando ondas em meu copo d'água
Naufragando meus navios em mágoa
Há sempre um contudo
Que não me diz nada e quer que eu diga tudo
Um maldito entretanto
Tentando, incansável, abafar meu canto
Num mundo de mentes recessivas
Dominado pelas adversativas
Eu, tentando viver minha vida
Escrevendo, em silêncio, a página não lida
Contra a corrente, lutando na contramão
Me chafurdando na lama da minha solidão

Sinto os ventos do norte
A bagunçar meus cabelos
E fecho os olhos


Mylena Perez