quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Cativo

Fosse-me fácil o mundo transpor em palavras,
Mais vezes o faria
Fosse-me simples o corrigir falhas,
Mais erros cometeria

Fosse-me tudo, a priori, o canto
Sem medo cantaria
Pois enche-me e me esvazia
Sou nele e dele pleno e dependente

Guia-me – hipócrita – e, torpe,
Em mim tudo governa
E, ao passo que me domina
Torna-me mais dele e menos de mim mesmo

Porém, se me fossem soltas as cadeias,
E, liberto fosse do seu condão vazio,
Se de livre arbítrio me fosse cheio o espírito,
Ainda assim voltaria a meu martírio

Por conta e risco de quem se entrega,
Eu− sujeito e senhor; imundo
Repousa, num desejo dobre e masoquista,
O ser escravo por vontade

Mylena Perez
22/11/2011