quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Inspiração

Voz atroz, que em mim ferra, encerra
No seio anseio de perdido ardor
És pardo dardo — inconstante, errante
Absorto porto de infiel torpor

És louco solto, ingenuamente ardente
Comando brando e inspiração
Perverso verso que à guilhotina inclina
A minha alma calma...  Cante ilusão

Perigo antigo és, intenso incenso
Forçado afago que me faz sofrer
Certeiro arqueiro que à esperança lança
E em combate abate o que me faz viver

Veneno ameno que transborda a horda
É um doce fosse que me tira o ar
Cinzento alento teu eterno inferno
Onde me algemo e temo pelo meu amar

 Pois canto há tanto que é instinto e minto
Fadada a nada de real sentir
Imploro e choro por confuso abuso
Que em fachadas dadas não vou traduzir

Mylena Perez






quarta-feira, 25 de setembro de 2013

De Tempo e Dor


Sorrisos,risos.disso nada além
Lembranças são, pouco se mantém
Apenas vulto, turvo espasmo efêmero
Vestígio morto do que já vivi

E comigo o tempo,por todo caminho
Num lembrar constante do sofrer sozinho
Fez da alma velha,desprezada e só
E apegou-se a dor,fê-la ombro amigo

E num turbilhão de sentimentos mil
Fez do bem o mal,fez do bom o vil
Trazendo a dor a uma constante incômoda
Reduzindo-me a alma a nada mais que sombra

E se não mais há o que se faça agora
Que não sentir o badalar das horas
Que eu seja tudo e nada em mim se perca
Que o sinta o nada ,e o nada tudo seja

Mylena Perez
25/09/2013

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Plágio


Por estar cantando
O que há muito cantam
Me presumem sábio
E me julgam santo

Porém só repito
O que há muito li
O que resta n’alma
Do que já senti

E em meu peito encerro
O segredo a morte
Que não há um dia
Em que eu não tenha sorte

Já que nada sou além de letras soltas
Verso plagiado, copiado, tosco
Que o ouvido ouve, enojado e cospe
E eu vendo ao mundo como algo novo

Mylena Perez

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

SORTE

"Sorte tenho
Que tempo me ainda resta
E reste tempo
Pois sorte me já não basta

 Fosse dia
A noite que agora se passa
 Restar-me-ia
Um tudo, um sempre, uma olhada

 Não tem nome
 É dor que me assola de graça
 Nada teme
 É dócil, é doce, é uma farsa

 Vem num vento
 E leva-me o corpo e a alma
 E resta o tempo
 À vida que se faz escassa”

 Por Mylena Perez
 Em 16/01/2013