Voz atroz, que em mim ferra, encerra
No seio anseio de perdido ardor
És pardo dardo — inconstante, errante
Absorto porto de infiel torpor
És louco solto, ingenuamente ardente
Comando brando e inspiração
Perverso verso que à guilhotina inclina
A minha alma calma... Cante ilusão
Perigo antigo és, intenso incenso
Forçado afago que me faz sofrer
Certeiro arqueiro que à esperança lança
E em combate abate o que me faz viver
Veneno ameno que transborda a horda
É um doce fosse que me tira o ar
Cinzento alento teu eterno inferno
Onde me algemo e temo pelo meu amar
Pois canto há tanto que é instinto e minto
Fadada a nada de real sentir
Imploro e choro por confuso abuso
Que em fachadas dadas não vou traduzir
Mylena Perez