Desolado ele encostou-se no piano. Todos diziam que ele deveria esquecer aquilo, mas no seu coração tudo permanecia o mesmo. Já haviam se passado anos, mas seu coração parecia não aceitar que ela nunca mais voltaria. Ele conservou toda a casa intocada, do jeito que ela havia deixado ao sair. E era como se a casa e ele ainda esperassem que ela voltasse. As lágrimas grossas e pesadas teimavam em escorrer- lhe pelo rosto e as imagens e lembranças dela teimavam em passear pela casa. Parecia que a única coisa que não esperava a volta dela era o maldito tempo que insistia em passar e aos poucos separar cada vez mais a sombra da beleza que sua amada um dia tivera.
Por momentos a casa vazia parecia encher-se de risos e o doce som daquela finada alegria vinha perturbá-lo. Era como se tivesse sido tudo apenas um sonho triste, mas a realidade sempre o trazia de volta e o silencia sempre voltava. Os risos, os toques, os nomes, tudo se desmanchava noite adentro. E o silêncio triste, a agonia e a desolação sempre voltavam.
Como poderia esquecê-la? Como poderia? Como? Era como se ela fosse voltar a qualquer momento. Ela entraria saltitante pela porta, lhe daria um beijo, ajeitaria a flor branca presa aos cabelos e tudo voltaria ao normal. Mas ele a havia esperado tanto, tanto, ele já havia tentado fazer seu coração aceitar a verdade, mas somente a idéia de nunca mais vê-la, beijá-la ou tocá-la lhe parecia inconcebível.
Naquela tarde junto ao piano ele tocou, tocou como se ela estivesse lá.Como se estivesse sorridente a seu lado ouvindo a música. Ele tocou para ela, e de repente ela estava lá mais uma vez. Ele tocava feliz, e a melodia invadia seu coração, ao olhar no fundo de seus olhos negros ele compunha. Talvez ele não tenha percebido a mudança, talvez as lágrimas não tenham querido escorrer, mas acho que seu coração no meio daquela música aceitou o fato. E quase sem perceber a composição, antes tão alegre, foi se transformado numa marcha fúnebre e em meio a graves notas e lacrimosos sustenidos seu amada tornou-se fria e branca. Seus olhos perderam a vida, seu sorriso perdeu o significado e o vulto pálido que era antes tão nítido aos poucos desapareceu. E ao final da triste música já nada restara onde antes estava sua amada. Talvez ele tivesse apenas imaginado, talvez seus olhos, embaçados pelas lágrimas, o tivessem enganado, mas seu coração aceitou, ela não voltaria. Levantou-se do piano, abriu as cortinas e lavou o rosto. Esqueceu.
Mylena Perez
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sexta-feira, 4 de abril de 2008
Marcha Fúnebre
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Poeta Maldito
Poeta Maldito
Destilas ódio
Fecundas corações
Boca, papel e tinta
Com teu pólen de ilusões
Aceso o luar de teus olhos
Apagas estrelas com palavras
Cultivas teus versos com lágrimas
Flores da melancolia que lavras
Estás aprisionado em ti mesmo
Liberdade não é uma opção
Por isso frases correm a esmo
Vem direto do teu coração
Letras lacrimosas
Tu escreves a chorar
Doce essência de murchas rosas
Só tu poeta maldito, não as teme usar
Mylena Perez (10 12 2007)
Destilas ódio
Fecundas corações
Boca, papel e tinta
Com teu pólen de ilusões
Aceso o luar de teus olhos
Apagas estrelas com palavras
Cultivas teus versos com lágrimas
Flores da melancolia que lavras
Estás aprisionado em ti mesmo
Liberdade não é uma opção
Por isso frases correm a esmo
Vem direto do teu coração
Letras lacrimosas
Tu escreves a chorar
Doce essência de murchas rosas
Só tu poeta maldito, não as teme usar
Mylena Perez (10 12 2007)
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sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Relato Impossível
O suor pinga de meu corpo
Pinga assim também minha vida
Que me pequenas gotas de suor
Aos poucos se esvai
Gotas de suor
Que estão imersas em tristeza
Gotas de sentimento
Lágrimas de suor
A noite vela a minha passagem
A chuva cai, purificando-me
E num vívido ímpeto
Minha doce alma, de minha pálida carne se desprende
Um som estranho
O pranto longínquo de meus conhecidos
Entorpecimento versus dor
O relógio da vida pára, a jornada termina
(Mylena Perez)
Pinga assim também minha vida
Que me pequenas gotas de suor
Aos poucos se esvai
Gotas de suor
Que estão imersas em tristeza
Gotas de sentimento
Lágrimas de suor
A noite vela a minha passagem
A chuva cai, purificando-me
E num vívido ímpeto
Minha doce alma, de minha pálida carne se desprende
Um som estranho
O pranto longínquo de meus conhecidos
Entorpecimento versus dor
O relógio da vida pára, a jornada termina
(Mylena Perez)
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