segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Triste Fim

Triste Fim

Ele sai da casa dela ainda com muita raiva. Bate a porta e finge não ouvir os gritos dela ao longe. A noite está fria e escura. O céu, azul, não mostra possibilidade nenhuma de chuva. Ele sobe na sua moto e segue até a estrada. São duas da manhã. A estrada e ele se tornam um, não há mais ninguém em volta. Ele acelera. Por fora, sua expressão de ódio é a mesma. Por dentro, seu coração bate como nunca antes. A velocidade o emociona. Uma lágrima quente escorre de seu rosto, mas é esfriada pelo vento que gela sua pele e balança seus cabelos.
Ele se sente sozinho, abandonado. Não pensa nela. Acelera de novo. O vento parece cortar-lhe a face. O céu está diferente. Ele mal percebe a chuva dada a força do vento. Em meio à velocidade ele sente uma gota. E outra, e outra. A chuva “aperta”. Sem nem saber o porquê, ele acelera mais. É como se não pudesse mais se controlar. A chuva está muito forte. Há água em seus olhos azuis. Ele só pensa nela, na velocidade. Acelera outra vez. A estrada está muito molhada. Há água por toda a parte. Ele mal consegue manter os olhos abertos.
A moto derrapa. Ele “apaga”. Ele e a moto são jogados a muitos metros. Ele acorda. Não sabe quanto tempo passou. A água em volta dele está vermelha. Ainda há muita chuva. Ele está deitado sobre uma poça de sangue. Não pode se mexer. A dor é intensa. Ele está preso à moto. Não pode sentir seus braços ou pernas. A água cai com força em seus olhos. Ele os fecha com dor. Há sangue neles também. Ele ouve algo. Reconhece os gritos. É ela. Ela está sozinha. Os dois estão em pânico. Ele não consegue mostrar que está vivo. O sangue mancha o vestido dela. Ela o beija. O sangue mancha seu rosto. Ela levanta. Ele pensa nela. As rodas da moto fazem seu último som. Pela última vez ele pensa nela. Ele se sente leve. Ela grita. Ele não a ouve mais. Ele grita. Ela não o ouve mais. Ele se vai. Ela desmaia. Ambos desejam que aquela briga nunca tivesse acontecido.


Mylena Perez

Nenhum comentário: