sábado, 22 de dezembro de 2007

Sereia

Tão pequena e inocente
Estás sozinha e indefesa
Da beleza és realeza

Pureza em propostas indecentes
Decisões tens a tomar
Vejo medo em seus olhos luzentes
Vejo mil faces descrentes

Olhando a sereia a nadar
Nas ondas do mar do mundo
Vejo densa espuma de problemas
Mas és corajosa, não há nada que temas
Na vida mergulhas sempre ao fundo

Gloriosas conchas tens como coroa
Tens como vestes as algas do mar
No oceano da vida estás livre a nadar
Só o pássaro da morte tua vida sobrevoa

By: Mylena Perez

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Vanessa

Vanessa

Vanessa que danças em minha mente
És minha eterna ilusão
Não possuis forma ou destino iminente
És vulto negro em meu coração

Seu corpo pálido, tal como tela ainda limpa
Não exprime nenhuma reação
Em minhas mãos tenho pincel e tinta
Em teus olhos promessa de eterna solidão

Fazes parte de mim como faço parte de ti
Tentativas de dar-te passado e futuro correm em vão
Tentando encontrar-te me descobri
Confundem-se autor e personagem nessa estranha obsessão

Imaginário amor platônico por ti confesso que sempre senti
Vanessa. Ilustre ou sombrio ser inanimado?
Desisto de tentar dar forma alguma a ti
Não posso criar algo se já foi criado


By : Mylena Perez

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Poesia Sem Nome


No fundo da gaveta ela aguarda um coração
Um coração que se sinta amado pelas palavras nela escritas
No fundo da gaveta ela aguarda um coração
Poesia sem nome, em seu recanto de solidão

No escuro onde foi escondida, as lágrimas mancham seu texto
Lágrimas que correm a esmo, que correm sem pretexto
No fundo da gaveta ela aguarda um coração
Poesia sem nome, em seu recanto de solidão

Às vezes pensa nunca ter sido amada
Apesar do amor que demonstrou por todos, era como se não fosse notada
No fundo da gaveta ela aguarda um coração
Poesia sem nome, em seu recanto de solidão

Quando ela foi escrita, seu autor nela pôs seu coração
Mas o tempo passou, e agora aqueles que antes a liam cheios de emoção
Lêem-na rindo-se, em tom de gozação
No fundo da gaveta ela aguarda um coração. Poesia sem nome, em seu recanto de solidão

Quem dera agora dar-lhe um nome que servisse de consolação
Mas na falta deste se dirá: Poesia triste. Eis aqui o seu refrão
Poesia triste, no fundo da gaveta ela aguarda um coração
Poesia morta, em seu túmulo de solidão




(Mylena Perez)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Última Chance

Última Chance

Ela pensa nele todo o tempo. Talvez ele não faça o mesmo, talvez faça. Ela não o vê há meses. Seu coração está “apertado”. Ela sempre o amou. Dele não se pode dizer o mesmo com certeza. Ele tem outras. Ela tenta tê-los. Nada parece fazer sentido sem ele. A vida dela é uma incessante rotina sem fim. Seus sorrisos não são verdadeiros. Nem suas lágrimas possuem vida. Ela o ama tanto, que não se ama sem ele. Ela é apenas uma mancha no tecido da vida. Ela faz de um tudo para tê-lo novamente. Ela não vê sentido em continuar vivendo. Vive por inércia somente. Não existem para ela, prazeres sem ele. Ele diz que um dia ficarão juntos. Ela prefere que “um dia” seja hoje.
Ela o encontra. Seus olhares se cruzam. Ele desvia o dele. Ela diz que o ama. Isso estabelece um longo período de silêncio. Os olhos dela se enchem de lágrimas. Ele “desconversa”. Ela recomeça o assunto. Ele diz que a ama de outra forma. Ela deixa escorrer uma única lágrima. Ele a abraça com força, mas não a beija. Ela o afasta. Ele se irrita. Ele diz que ela deve aceitar o seu destino. Ela toma a palavra para si. A mente dela divaga. Eles se despedem. Ele se vai. Ela corre para o centro da cidade. Ela se lembra da bonita frase dita por ele: “−Você deve aceitar seu destino”. Ela repete a frase incessantemente dentro de si mesma.
Já é noite. A vista do trigésimo terceiro andar é linda. As casas e prédios parecem vaga-lumes lá de cima. Ela pensa nele. Ele está no primeiro andar. Ela não sabe. Ele está arrependido. Mentalmente ele ensaia juras de amor eterno. O elevador está quebrado. Ele sobe as escadas tranquilamente. Ela abre os braços. O vento bate em seus cabelos loiros. Ela luta contra a inércia que a domina. Ela fecha seus olhos azuis. A única luz ao seu redor é a do corredor que leva às escadas. Lá em baixo os faróis dos carros parecem chamar seu nome. Ele está agora no trigésimo andar. Ela está na ponta dos pés. Ele está no corredor. Ela repete a frase em voz alta uma última vez: “−Você deve aceitar seu destino”. Ele ouve. Ele a vê. A noite a chama. Ela pula. Ele grita apavorado. Ela o ouve e grita. Ela se arrepende. Seu destino se cumpre. Ele deita no terraço a chorar. Ele ainda tem a chance de ouvir o som do corpo dela bater no chão. Ele desce as escadas correndo. Na calçada o desespero é geral. Ela não está reconhecível. Há muito sangue. Há sangue na calçada e na rua. Uma chuva fina lava o sangue do seu corpo desfigurado. Ele deita seu corpo sobre o que restou dela. Sua pele branca é marcada pelo sangue dela.
Ele “apaga”. Quando ele acorda a luz está forte. Ele está em seu quarto. Não há sangue nem gritos. Ele olha para o relógio. Ainda são nove horas da manhã. Ele olha o calendário. Ainda é quarta-feira. Mas como?! Ele tem o prazer de perceber que foi tudo um sonho! Ele corre como nunca antes até a casa dela. Ele grita em sua janela. Ela não entende. Larga a xícara de café e vai até ele. Ele se declara. Eles choram. Ele a abraça muito forte, mas dessa vez ele a beija. Ele pede desculpas. Ela pergunta por quê. Ele diz que já não importa. Não valeria a pena contar. Nem todos têm uma última chance como eles tiveram.


Mylena Perez (08 e 09 12 2007)

O que é?

O que é?

"O que é um amor sem lágrimas?
Um amor sem restrições?
Sem jogos e sem enganos?
Sem lascívia?
Sem egoísmo?
Sem mágoas?
Querendo, mas sem querer?
Sem ciúme?
Sem dor?
Sem todo esse "ser ou não ser" ?
Sem suor?
Sem suspiros?
Sem reclamações?
Sem exigências ou frustrações?
Sem compromisso?
Frágil e quebradiço?
Sempre à nossa disposição?
Um amor inacabável?
Incontável?
Incomensurável?
Um amor inocente?
Às vezes inconseqüente?
O que é ?
Seria como o da gente?
Um amor perfeito seria como o nosso?
Então um amor perfeito é a exata descrição de uma amizade verdadeira!"
Mylena Perez

Dois em Um

Dois em Um

Meus olhos choram as suas lágrimas
Minha boca suspira a sua frustração
Meu coração bate no seu compasso
E assim somos um, sendo dois

Meu futuro, seu futuro também
Seu olhar ofusca a minha dor
No meu corpo, suas marcas
Minha tristeza estampa a sua partida

Sem você a escuridão me domina
Sem seus olhos os meus perdem a cor
Seu coração, minha força de vida
Impulsiona-me a esquecer a dor

Em meu coração, um fio de esperança
Única luz de meu tortuoso viver
Por você continuo esperando
Por você, por nós dois


Mylena Perez (07 12 2007)

Você

Você

Minhas lágrimas têm um pouco de você
Nos meus olhos carrego sua essência
Seu olhar penetra a minha alma
Minha dor transporta-me a você

Sem você não acredito no futuro
Por você sacrificaria tudo
Sua luz ilumina meu caminho
Sua voz acalma meu espírito

Você prometeu nunca me abandonar
E agora meus dias se passam escuros
Acho que você nunca prometeu não me fazer chorar

Tudo o que eu preciso é você
Tudo o que eu mais quero é você
Não me importo com a dor, sei que nunca vou te esquecer



Mylena Perez ( 07 12 2007)

Triste Fim

Triste Fim

Ele sai da casa dela ainda com muita raiva. Bate a porta e finge não ouvir os gritos dela ao longe. A noite está fria e escura. O céu, azul, não mostra possibilidade nenhuma de chuva. Ele sobe na sua moto e segue até a estrada. São duas da manhã. A estrada e ele se tornam um, não há mais ninguém em volta. Ele acelera. Por fora, sua expressão de ódio é a mesma. Por dentro, seu coração bate como nunca antes. A velocidade o emociona. Uma lágrima quente escorre de seu rosto, mas é esfriada pelo vento que gela sua pele e balança seus cabelos.
Ele se sente sozinho, abandonado. Não pensa nela. Acelera de novo. O vento parece cortar-lhe a face. O céu está diferente. Ele mal percebe a chuva dada a força do vento. Em meio à velocidade ele sente uma gota. E outra, e outra. A chuva “aperta”. Sem nem saber o porquê, ele acelera mais. É como se não pudesse mais se controlar. A chuva está muito forte. Há água em seus olhos azuis. Ele só pensa nela, na velocidade. Acelera outra vez. A estrada está muito molhada. Há água por toda a parte. Ele mal consegue manter os olhos abertos.
A moto derrapa. Ele “apaga”. Ele e a moto são jogados a muitos metros. Ele acorda. Não sabe quanto tempo passou. A água em volta dele está vermelha. Ainda há muita chuva. Ele está deitado sobre uma poça de sangue. Não pode se mexer. A dor é intensa. Ele está preso à moto. Não pode sentir seus braços ou pernas. A água cai com força em seus olhos. Ele os fecha com dor. Há sangue neles também. Ele ouve algo. Reconhece os gritos. É ela. Ela está sozinha. Os dois estão em pânico. Ele não consegue mostrar que está vivo. O sangue mancha o vestido dela. Ela o beija. O sangue mancha seu rosto. Ela levanta. Ele pensa nela. As rodas da moto fazem seu último som. Pela última vez ele pensa nela. Ele se sente leve. Ela grita. Ele não a ouve mais. Ele grita. Ela não o ouve mais. Ele se vai. Ela desmaia. Ambos desejam que aquela briga nunca tivesse acontecido.


Mylena Perez

Poeta Maldito

Poeta Maldito

Destilas ódio
Fecundas corações
Boca, papel e tinta
Com teu pólen de ilusões

Aceso o luar de teus olhos
Apagas estrelas com palavras
Cultivas teus versos com lágrimas
Flores da melancolia que lavras


Estás aprisionado em ti mesmo
Liberdade não é uma opção
Por isso frases correm a esmo
Vem direto do teu coração


Letras lacrimosas
Tu escreves a chorar
Doce essência de murchas rosas
Só tu poeta maldito, não as teme usar


Mylena Perez (10 12 2007)