quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Cacho de Flrores Amarelas

O Cacho de Flores Amarelas


Existem momentos em que a nossa alma parece indecisa, não é mesmo? Momentos em que nosso coração não consegue se decidir entre a alegria e a tristeza. Pois é, foi em um desses momentos que eu o vi. Tão doce e singelo. Lindo e recatado. Charmoso e sozinho, beleza solitária. Quem era ele? Ele não era ele, era isso! Um lindo cacho de flores amarelas. Mas por que essa minha paixão repentina (afinal eram apenas flores, nada anormal)? Não sei, talvez por sua beleza triste.
No horizonte apenas árvores, árvores verdes- escuras altas e de frondosas copas. Todas juntas num pequeno espaço (bem como os homens em nossa sociedade). Se faziam companhia, se ignoravam , se entreolhavam, saudavam-se. E como membros de uma estranha sociedade arbórea, eram iguais. Iguais na cor, no tamanho e na dor. Paravam igual , balançavam igual e o vento em suas folhas batia igual.
Mas sozinha, a esbanjar nobreza eu a vi. Tão alta e bela, tanto quanto as outras . Foi a esse ponto que algo me chamou a atenção. Algo... alguma coisa contrastava com o horizonte de intenso azul e com o verde das árvores . Então eu o vi, ou melhor, contemplei-o . Um lindo cacho de flores amarelas. Ao olhá-lo senti algo diferente . Mas por que? Não sei ao certo. Sua beleza não era exuberante, afinal não era um cacho muito grande. Mas algo naquelas flores amarelas traspassava as fronteiras do normal. Era algo que não sei explicar, um brilho divino, quase que sobrenatural!
Ah! Enfim entendi, a beleza não vinha do cacho em si, mas sim do fato que –como eu− era o diferente num contexto de iguais. Numa sociedade onde todos ouvem as mesmas coisas, comem as mesmas coisas , dizem e pensam as mesmas coisas, eu sou diferente. Eu ouço, como , digo e penso o que quero e o que eu aprovo de acordo com os meus conceitos pré-estabelecidos. Eu não me deixo levar pela opinião alheia , nem pelo que pensam a meu respeito. Eu sou diferente , assim também aquele cacho de flores amarelas , sozinho e diferente no meio de muitos iguais. Se de longe em meio a um horizonte de belezas naturais, eu notei a sua beleza , porque não pode o mundo notar a minha ? Apenas um cacho de flores amarelas, pequena mas enorme, simples mas complexo, banal e efêmero mas de presença e beleza eternas !

By: Mylena Britto Perez (21/09/2007)

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